De repente, o carro começa a roncar mais forte, ou parece ter perdido um pouco da força. É bem provável que o escapamento esteja com alguma avaria. Como tudo que faz parte de um veículo, esse circuito de tubos que se estende do cofre do motor até o fim do assoalho também sofre desgaste ao longo do tempo.




 Claro que aqueles cuidados básicos, como passar devagar por lombadas e valetas, ajudam muito a evitar que os canos sofram pancadas ou mesmo raspões. Mas é preciso estar atento a outros detalhes danosos. “Combustível de má qualidade é um veneno para o sistema. A quantidade de água, solvente e sabe lá mais o quê que colocam no álcool e na gasolina corrói rapidamente as paredes internas do tubo. A parte mais afetada é o silencioso, que esquenta menos e acumula mais líquidos não queimados pelo motor”, explica Carlos Guedes, gerente da Pneus Linhares.



 Como o número de postos que vendem combustível adulterado cresceu assustadoramente, a durabilidade do sistema de escape, na média, caiu absurdamente. “Há mais ou menos uma década, os canos de um carro zero quilômetro chegavam a durar cinco anos. De lá para cá, não passam de dois anos e meio. Já o escape de reposição, que chegava a completar três anos de uso, sem ser galvanizado, chega a dois, mesmo com o processo de galvanização atual”, explica Cícero Joaquim Neto, proprietário da Borracharia Lins Car. Eis aí mais um motivo para fugir dos combustíveis baratos demais.

 Mas a culpa pela vida encurtada do escapamento não é apenas do solvente e da água. O motorista pode acabar “gastando” bastante a peça, muitas vezes sem saber disso. “Quanto mais se usa o carro, mais o escape dura. No caso dos taxistas, que rodam o tempo todo, o sistema acaba ficando mais limpo. Já quem faz vários percursos curtos por dia mantém os canos constantemente úmidos. Nesse caso, o sistema pode durar de um ano e meio a dois, não passa disso”, afirma Neto.




 Além dessas preciosas dicas, Guedes lembra de uma outra bem elementar: “é importante escolher peças de reposição de qualidade, senão nem adianta reclamar sobre durabilidade.”

 Reparos


 Até é possível fazer alguns tipos de reparo no sistema, para adiar o gasto com peças novas, mas não é tudo que vale a pena. O silencioso, por exemplo, é uma parte do escapamento que não tem muito como ser reparada. “Dá trabalho e é caro demais, é melhor comprar um novo. Antigamente nós abríamos a peça, trocávamos a manta de isolamento acústico e soldávamos o que era preciso, mas como o preço da peça caiu bastante há anos ninguém mais faz esse tipo de serviço”, explica o proprietário da Borracharia Lins Car, que lembra que para o catalisador também não existe conserto – o certo é trocar a peça.



 Em alguns pontos, é possível recorrer a soldas. É o caso das emendas entre os canos, que podem se soltar depois de uma pancada. Esse tipo de problema pode ser resolvido com o maçarico, desde que seja uma peça de qualidade e que não apresente ferrugem, segundo Neto. “Quando uma parte do tubo amassa muito, é mais fácil cortar a parte danificada e fazer um enxerto. Desamassar dá muito trabalho, nem sempre fica bom e também acaba custando demais.”

 Pondo a mão no bolso




 Falando em custo, Guedes nos passou alguns valores médios para as peças trocadas com maior freqüência. “O silencioso, que estraga mais rápido, custa de R$ 130 a R$160 para modelos 1.0 de gerações anteriores. Para alguns modelos 1.0 atuais, como o Chevrolet Corsa, e também para alguns 1.6, fica entre R$ 220 e R$ 260.” No caso de veículos sofisticados, como VW Golf e Ford Focus, o valor parte de R$ 220, podendo atingir os R$ 280. Já para modelos Audi, BMW e Mercedes-Benz, o custo vai de R$ 380 a R$ 600.



O tubo intermediário segue essa progressão de valores:



- de R$100 a R$ 140 para 1.0 antigos

- de R$ 140 a R$ 190 para 1.0 recentes e 1.6

- de R$ 180 a R$ 230 para médios sofisticados

- de R$ 280 a R$ 400 para modelos top de linha

 
Igor Thomaz

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